sábado, 16 de novembro de 2019

PRIMEIRA CRÔNICA: Herói nacional



 Herói nacional

         O filho chega do colégio com uma missão na mochila, está escrita no caderno com a sua caligrafia vacilante: Pesquisar sobre um herói nacional.
         A mãe diz que o pai poderá ajudar no assunto, era o melhor aluno em história da sua classe. O menino resolve então esperar que o pai volte do trabalho para ajudá-lo na lição de casa.
         O pai chega cansado. Trabalhou todo o dia e absolutamente não entende como a mãe que passa o dia inteiro em casa não pode nem mesmo ajudar o filho com uma simples atividade da escola.
         De cara amarrada assim mesmo vai ajudar o menino.
         Devidamente provido com um volume da coleção Panteão da Pátria se exibe logo, perguntando ao filho se ele sabe quem foi Duque de Caxias.
         O pirralho não sabe quem foi o tal duque, e o pai impressionado com a baixa qualidade do ensino nos dias de hoje providencialmente explica ao garoto que o tal Caxias foi um grande herói nacional. Só na guerra do Maranhão contra os escravos matou mais de mil pessoas e mandou enforcar os líderes da revolta.
         Numa outra guerra que teve no Rio Grande do Sul o duque que era muito valente perseguiu e matou muito mais que mil pessoas que tinham se revoltado contra o governo e queriam que tudo no sul virasse uma república. Mas onde o Duque de Caxias fez mais sucesso foi no Paraguai. Triunfante o pai informou ao filho que o Luís Alves de Lima e Silva...
__Que Luís Alves é esse, não era um tal de Duque pai?
__Esse era o nome verdadeiro do grande herói!
__Ah! Saquei, uma espécie de identidade secreta lá dele?
__Não exatamente, um codinome, o nome de batismo, compreende?
__...
         Não, o menino não entendia, mas era melhor deixar o pai falar desse herói que foi pra guerra.
         Então o pai enumerou as batalhas que o duque tinha vencido na guerra contra o tirano lá do Paraguai e das muitas mortes de inimigos que ele tinha causado no campo de batalha, das cidades que tinha conquistado com sua bravura e falou que no final da guerra o grande herói não quis mais lutar para poupar o povo lá daquele país de mais sofrimentos, voltando cheio de honras ao Brasil.

         Mostrou a página do livro onde tudo isto estava escrito e disse ao menino que era só copiar o que vinha ali, tiraria um dez garantido.
__Não é um grande heróis esse Caxias?
__É pai, é o Capitão América do Brasil.
         Carlos Souza

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