RETÁBULO PARA JORGE DE LIMA
Decerto teu canto é negro,
Sabe a nênia iorubá,
Mamou nos peitos de Celidônia
Cresceu na lama glabra do Mundaú.
Escrever em ti era polir o verso no madeiro da cruz,
Harpa devota, escrever em ti era reza, era salmo.
Salmodias o homem que se distribui em pão, em leite, em mel,
Salmodias a mulher, carne e anjo, apedrejada, redimida.
Teu poema que é reza, que é consolação,
Que é súmula contra a exploração do homem pelo homem,
Que é Hagiografia, que é ara, lâmpada marinha.
Ressuscitaste, ó Jorge! o lázaro Orfeu,
Escrever em ti era crer, morrer era nascer infinito.
Caricatura do poeta Jorge de Lima |
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